quarta-feira, 22 de abril de 2009

NUNO DE SANTA MARIA

O Santo Condestável

Desde há quanto tempo o povo português se habituou a chamar Nuno Álvares Pereira “Santo Condestável”?
O que até aqui não era “verdade”, porque ele apenas fora beatificado, vai tornar-se, no próximo dia 26 de Abril uma “verdade” infalível, porque o Santo Padre Bento XVI vai nesse dia elevá-lo ao grau superior da “hierarquia celeste”, vai canonizá-lo em Roma, na Praça de São Pedro, durante a cerimónia solene que ali vai ser celebrada.

É com grande emoção que o povo Lusitano vai acolher este novo Santo e celebrá-lo ainda mais do que nunca e prestar-lhe a homenagem que esta canonização implica.

Frei Nuno de Santa Maria, o frade que não fez esquecer o heroi da Pátria lusitana, terá, a partir do domingo 26 de Abril, um “poder” ainda maior sobre o Coração de Deus e uma “união” ainda mais forte com Aquele que ele sempre amou ao ponto de querer usar seu nome: Santa Maria.

Recorramos pois com fé, ainda com mais frequência, se possível, à intercessão de Frei Nuno de Santa Maria, o novo “Santo” de Portugal, a fim que possamos, como ele mesmo, ganhar as nossas batalhas de cada dia, visto que cada um deles é para nós uma Aljubarrota.

Afonso Rocha

terça-feira, 21 de abril de 2009

A MINHA RAINHA !

O Céu, o Céu, como ele é lindo, como ele é belo!...

Nesta manhã, ainda antes de comungar, senti-me a caminho do Calvário. A Sagrada Comunhão foi o lenitivo, foi o bálsamo para a minha dor, foi a força para tão dolorosa viagem. Sempre acompanhada da inutilidade, fugitiva dos caminhos de Jesus, era uma das minhas vidas, a minha vida terrena. A outra, que era a vida de Jesus, levava a cruz e a ela ia ligada com prisões de amor. Eram transportes de grande elevação; eram prisões, era amor que não caminhava, mas parecia voar até ao cimo da montanha. Lá, na minha inutilidade, fui crucificada com Jesus. Durante a agonia, enquanto o coração e a alma bradavam, o espírito ia recordando o que se passava no Céu: o grande dia da Assunção da Mãezinha. Pedi-Lhe que em memória da Sua coroação no Céu me coroasse com o Seu amor, com todas as suas graças e fizesse Suas as minhas preces, que as entregasse todas junto do trono divino. Em todo o tempo, em que Jesus agonizava, eu andava ao longe, muito ao longe, com a minha inutilidade, enquanto que o coração crucificado na cruz com Jesus abria-se num vulcão de fogo, dum fogo que era só amor, amor infinito, amor divino. Este amor estava no meu coração, mas não era a mim que ele pertencia, era o amor de Jesus. Era Ele que amava, era Ele que se imolava e dava a vida. Ele fez a entrega ao Pai do Seu espírito. Eu também senti como que se perdesse a vida por algum tempo. Aqueci com o Seu calor, vivi com a Sua vida ao ouvir a Sua voz :
— Minha filha, minha filha, Jesus está no Céu, Jesus está no teu coração. Jesus habita neste tabernáculo de amor, como no Céu, junto do seu Eterno Pai. Estou aqui, estou aqui, filha querida. Hoje sou todo amor, hoje sou todo doçura. Quero confortar-te desta forma, quero preparar-te para com mais fortaleza e heróico heroísmo suportares muita dor, toda a dor que ao Céu aprouver dar-te. Quero tornar-te forte, fazendo-te sentir as alegrias jubilosas do grande dia do Paraíso. Todo o Céu está em festa e em festa está o teu coração. Tens em ti o Céu, em ti está Deus, em toda a Sua plenitude.
— Ó Jesus, ó Jesus, como eu sou grande, como é grande o meu coração. É verdade, Jesus, que eu sinto que sou o Céu, sinto até que tenho em mim o azul claro do firmamento. Vale a pena, Jesus, vale a pena sofrer uma vida inteira para gozar estes deliciosos momentos. O Céu, o Céu, Jesus, como ele é belo ! Oh ! Como os olhos da minha alma vêem o que lá se passa.
A Mãezinha subiu, subiu, foi levada pelos Anjos e por eles colocada junto do trono da Santíssima Trindade. Outros Anjos conduziram a coroa, e a Trindade Divina A coroou.
A minha Rainha, a minha Rainha, a minha Mãezinha, a minha Mãezinha, a minha querida Mãezinha ! Todo o Céu é festa, todo o Céu é amor, todo o Céu é só um hino! O Céu, o Céu, como ele é lindo, como ele é belo! Como eu estou unida a tudo isto !
— Ó Jesus, parece que estou junto do trono da Santíssima Trindade e do da querida Mãezinha. Sinto até que estou nos Seus braços a receber as Suas carícias. O Céu, o Céu, felizes momentos do Céu !
Ó Mãezinha, ó Mãezinha, é nos Vossos braços que eu imploro, é mergulhada no Vosso amor e no amor da Santíssima Trindade que eu peço, que eu imploro com toda a alma, com todo o coração. Estou num universo infinito de paz e de amor ; é daqui que eu brado, é daqui que eu imploro.
Ó Jesus, ó Mãezinha, ó Pai, ó Espírito Santo, atendei, atendei às minhas súplicas, atendei às minhas preces. Não as digo, Jesus, não as digo, Mãezinha, não as digo, minha Trindade adorável, mas mostro-Vos o meu coração. Estão lá todas bem presentes. Atendei, Jesus. Por aquele amor que Vos levou a levar a Mãezinha ao Céu em corpo e alma. Atendei, atendei, pelo amor com que Vos amais nesta união divina e bendita.
— Sim, minha filha, sim, minha filha, o Céu leu no teu coração, o Céu atende os teus desejos, os teus pedidos, as tuas ânsias. Recebe a gota do meu Divino Coração. Sê forte na dor, sê forte na cruz. Sofre, sofre; a dor é a salvação, a dor é o resgate das almas. Coragem, coragem ; foi tudo amor ; foi tudo doçura. Mas não deixes, não cesses de pedir : penitência, oração, emenda de vida. Coragem, coragem, vai em paz e dá ao mundo a minha paz.
— Obrigada, Jesus, obrigada, Mãezinha. Obrigada, minha Trindade Divina, pelos momentos deliciosos, pelo grande amor, pelo grande conforto que deste à minha alma.


Alexandrina de Balasar
Diário de 15 de Agosto de 1952

domingo, 22 de março de 2009

A DEVOÇÃO DOS PRIMEIROS SÁBADOS

Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados

I – A DEVOÇÃO DOS PRIMEIROS SÁBADOS

Na Aparição do dia 13 de Julho anunciou Nossa Senhora em Fátima: “Para impedir a guerra virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados”.
Esta última devoção veio pedi-la, aparecendo à Irmã Lúcia a 10-12-1925, em Pontevedra, Espanha. Disse então: “Olha, minha filha, o meu coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos me cravam com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, procura consolar-me e diz que prometo assistir na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação, a todos os que, no Primeiro Sábado de cinco meses seguidos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e me fizerem companhia durante quinze minutos, meditando nos 15 mistérios do Rosário com o fim de me desagravar”.Nª Senhora mostrou o seu Coração rodeado de espinhos, que significam os nossos pecados. Pediu que fizéssemos actos de desagravo para Lhos tirar, com a devoção reparadora dos cinco Primeiros Sábados. Em recompensa, promete-nos "todas as graças necessárias para a salvação”.
Jesus nos dois anos seguintes, 15 de Fevereiro de 1926 e 17 de Dezembro de 1927, insiste para que se propague esta devoção. Lúcia escreveu: “Da prática da devoção dos Primeiros Sábados, unida à consagração ao Imaculado Coração de Maria, depende a guerra ou a paz do mundo”.

II – CINCO, POR QUÊ?

São cinco os Primeiros Sábados por, segundo revelou Jesus, serem “cinco as espécies de ofensas e blasfémias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria.
1. – As blasfémias contra a Imaculada Conceição, 2. – Contra a sua Virgindade ; 3. – Contra a Maternidade Divina, recusando ao mesmo tempo recebê-la como Mãe dos homens ; 4. – Os que procuram infundir nos corações das crianças a indiferença, o desprezo e até o ódio contra esta Imaculada Mãe ; 5. – Os que A ultrajem directamente nas suas sagradas imagens”

III – CONDIÇÕES

As condições para ganhar o privilégio dos Primeiros Sábados são quatro:
1. Confissão. Para cada Primeiro Sábado é precisa uma confissão com intenção reparadora. Pode fazer-se em qualquer dia, antes ou depois do Primeiro Sábado, contanto que se receba a Comunhão em estado de graça.
A vidente perguntou: – “Meu Jesus, as (pessoas) que se esquecerem de formar essa intenção (reparadora)? Jesus respondeu – Podem formá-la na confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem para se confessar”.
As outras três condições devem cumprir-se no próprio Primeiro Sábado, a não ser que algum sacerdote, por justos motivos, conceda que se possam fazer no domingo a seguir.
2. A Comunhão Reparadora.
3. O Terço.
4. A meditação, durante 15 minutos, de um só mistério, de vários ou de todos. Também vale uma meditação ou explicação de 3 minutos antes de cada um dos 5 mistérios do terço que se está a rezar.
Em todas estas quatro práticas deve-se ter a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria.
A devoção dos 5 Primeiros Sábados foi aprovada pelo Bispo de Leiria a 13-9-1939, em Fátima.

ACTO DE CONSAGRAÇÃO E DESAGRAVO

Virgem Santíssima e Mãe nossa querida, ao mostrardes o vosso Coração cercado de espinhos, símbolo das blasfémias e ingratidões com que os homens ingratos pagam as finezas do vosso amor, pedistes que Vos consolássemos e desagravássemos.
Ao ouvir as vossas amargas queixas, desejamos desagravar o vosso doloroso e Imaculado Coração que a maldade dos homens fere com os duros espinhos dos seus pecados.
Dum modo especial Vos queremos desagravar das injúrias sacrilegamente proferidas contra a vossa Conceição Imaculada e Santa Virgindade. Muitos, Senhora, negam que sejais Mãe de Deus e nem Vos querem aceitar como terna Mãe dos homens. Outros, não Vos podendo ultrajar directamente, descarregam nas vossas sagradas imagens a sua cólera satânica. Nem faltam também aqueles que procuram infundir nos corações das crianças inocentes, indiferença, desprezo e até ódio contra Vós.
Virgem Santíssima, aqui prostrados aos vossos pés, nós Vos mostramos a pena que sentimos por todas estas ofensas e prometemos reparar com os nossos sacrifícios, comunhões e orações tantas ofensas destes vossos filhos ingratos.
Reconhecendo que também nós, nem sempre correspondemos às vossas predilecções, nem Vos honrámos e amámos como Mãe, suplicamos para os nossos pecados misericordioso perdão.
Para todos quantos são vossos filhos e particularmente para nós, que nos consagramos inteiramente ao vosso Coração Imaculado, seja-nos ele o refúgio durante a vida e o caminho que nos conduza até Deus. Assim seja.

CINCO, PORQUÊ?

O Padre José Bernardo Gonçalves (1894-1966) propôs em Maio de 1930 à Irmã Lúcia, de quem foi confessor, seis perguntas para as quais pedia esclarecimento.
Eis o que se refere à quarta, com a respectiva resposta dada por escrito:
« Porque hão-de ser ‘5 sábados’ e não 9 ou 7 em honra das dores de Nossa Senhora ?
Ficando na capela com Nosso Senhor parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio de 1930, e falando a Nosso Senhor das duas perguntas 4.ª e 5.ª, senti-me de repente possuída intimamente da divina presença; e, se não me engano, foi-me revelado o seguinte :
‘Minha filha, o motivo é simples: são 5 as espécies de ofensas e blasfémias contra o Imaculado Coração de Maria:
1.ª – As blasfémias contra a Imaculada Conceição.
2.ª – Contra a Sua virgindade.
3.ª – Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
4.ª – Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe ;
5.ª – Os que A ultrajam directamente nas suas sagradas Imagens.
Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender».
Primeira ofensa: negação da Imaculada Conceição.
A 8 de Dezembro de 1854, definiu o Papa Pio IX : « Declaramos, pronunciamos e definimos, que a doutrina que sustenta que a bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, foi por graça e privilégio singular de Deus Todo-Poderoso... preservada e imune de toda a mancha do pecado original, foi revelada por Deus e como tal deve ser firme e constantemente acreditada por todos os fiéis ».
Recusam este privilégio várias confissões protestantes, os racionalistas, e implicitamente aqueles que negam o pecado original, pois que a Imaculada Conceição é precisamente a isenção dessa mancha, que em tal hipótese não existiria.
Segunda ofensa: negação da Virgindade perpétua de Maria.
A 6 de Novembro de 1982 disse João Paulo II no Santuário do Pilar em Saragoça, Espanha : « De modo virginal ‘sem intervenção de varão, e por obra do Espírito Santo, Maria deu a natureza humana ao Filho Eterno do Pai. De modo virginal nasceu de Maria um corpo santo. É a fé que...o Papa Paulo IV articulava na forma ternária de Virgem ‘antes do parto, no parto e perpetuamente depois do parto’. É a mesma que ensina Paulo VI: ‘Cremos que Maria é Mãe sempre Virgem do Verbo encarnado ».
Opõem-se a esta verdade os que negam que a Conceição e o parto de Jesus não foram virginais, e que Maria não conservou no parto a sua integridade, assim como aqueles que afirmam que Ela teve mais filhos além de Jesus.
Terceira ofensa: negação da maternidade divina e espiritual de Maria.
Declarou o III Concílio de Constantinopla no ano de 680 : « Nosso Senhor Jesus Cristo – nasceu do Espírito Santo e de Maria Virgem, que é, segundo a humanidade, própria e verdadeiramente Mãe de Deus».
É também Mãe espiritual dos homens, pela sua participação no Mistério da Encarnação e Co-redenção.
Quarta ofensa: ódio para com a Imaculada Mãe de Deus.
A ideologia Marxista-comunista procurou eliminar todos os vestígios de religião, a começar pelas crianças. O Ministério da Educação soviética declarou nesses tempos : « A educação comunista tem como fim principal eliminar todos os vestígios da religião ». Ensinava-se às crianças o racionalismo puro e, além disso, em certa nação, os pequeninos aprendiam « ladaínhas » de injúrias contra a Mãe de Deus.
Quinta ofensa: ultrajes às sagradas imagens.
Chegou-se ao descaramento de destruir e ultrajar as imagens de Nossa Senhora, sobretudo quando expostas em público. Certamente também desgostam a Maria Santíssima aqueles que tiram dos templos as suas imagens ou as reduzem ao mínimo, contrariando o Concílio Vaticano II. « Observem religiosamente aquelas coisas que nos tempos passados foram decretadas acerca do culto das imagens de Cristo, da Bem-aventura Virgem e dos Santos ».
São estas cinco ofensas a Maria que devemos reparar nos cinco primeiros sábados.

Textos P. Fernando Leite, sj

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

SANTA MARIA MÃE DE DEUS

Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe

A Solenidade da Santa Maria Mãe de Deus é a primeira Festa Mariana que apareceu na Igreja Ocidental, sua celebração se começou a dar em Roma para o século VI, provavelmente junto com a dedicação – em 1º de janeiro – do templo “Santa Maria Antiga” no Foro Romano, uma das primeiras Igrejas marianas de Roma.
A antiguidade da celebração Mariana se constata nas pinturas com o nome de Maria, “Mãe de Deus” (Theotókos) que foram encontradas nas Catacumbas ou antiquíssimos subterrâneos que estão cavados debaixo da cidade de Roma, onde se reuniam os primeiros cristãos para celebrar a Missa em tempos das perseguições.
Mais adiante, o rito romano celebrava em 1º de janeiro a oitava de Natal, comemorando a circuncisão do Menino Jesus. Depois de desaparecer a antiga festa Mariana, em 1931, o Papa Pio XI, com ocasião do XV centenário do concílio de Éfeso (431), instituiu a Festa Mariana para em 11 de outubro, em lembrança deste Concílio, onde se proclamou solenemente Santa Maria como verdadeira Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus; mas na última reforma do calendário – após o Concílio Vaticano II – se transladou a festa para 1º de janeiro, com a máxima categoria litúrgica, de solenidade, e com título da Santa Maria, Mãe de Deus.
Desta maneira, esta Festa Mariana encontra um marco litúrgico mais adequado no tempo do Natal do Senhor; e ao mesmo tempo, todos os católicos começam o ano pedindo o amparo da Santíssima Virgem Maria.

O Concílio de Éfeso

No ano de 431, o herege Nestório se atreveu a dizer que Maria não era Mãe de Deus, afirmando: “Então Deus tem uma mãe? Pois então não condenemos a mitologia grega, que lhes atribui uma mãe aos deuses”. Ante isso, reuniram-se os 200 bispos do mundo em Éfeso –a cidade onde a Santíssima Virgem passou seus últimos anos– e iluminados pelo Espírito Santo declararam: “A Virgem Maria sim é Mãe de Deus porque seu Filho, Cristo, é Deus”. E acompanhados por toda a multidão da cidade que os rodeava levando tochas acesas, fizeram uma grande procissão cantando: "Santa Maria, Mãe de Deus, roga por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém".
Do mesmo modo, São Cirilo da Alexandria ressaltou: “Será dito: a Virgem é mãe da divindade? A isso respondemos: o Verbo vivente, subsistente, foi engendrado pela mesma substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas no tempo ele se fez carne, por isso se pode dizer que nasceu de mulher”.

Mãe do Menino Deus

"Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo sua palavra"
É desde esse Fiat, faça-se que Santa Maria respondeu firme e amorosamente ao Plano de Deus; graças a sua entrega generosa Deus mesmo se pôde encarnar para nos trazer a Reconciliação, que nos libera das feridas do pecado.
A donzela de Nazaré, a cheia de graça, ao assumir em seu ventre ao Menino Jesus, a Segunda Pessoa da Trindade, converte-se na Mãe de Deus, dando tudo de si para seu Filho; vemos porque tudo nela aponta a seu Filho Jesus.
É por isso, que Maria é modelo para todo cristão que busca dia a dia alcançar sua santificação. Em nossa Mãe Santa Maria encontramos a guia segura que nos introduz na vida do Senhor Jesus, nos ajudando a nos conformar com Ele e poder dizer como o Apóstolo “vivo eu mais não eu, é Cristo quem vive em mim”.

domingo, 25 de janeiro de 2009

MARIA SANTÍSSIMA NOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO

Maria nos Evangelhos

É nos Actos dos Apóstolos que encontramos a última menção de Maria Santíssima na Sagrada Escritura, quando reunida se achava com os apóstolos e outras piedosas mulheres no Cenáculo: “Todos estes perseveravam unânimes na oração, juntamente com as mulheres e Maria, Mãe de Jesus, e com seus irmãos” (Actos I, 14).
Depois, nada mais se encontra que se refira directamente a Maria. Na Igreja nascente, a vida de Maria se confundia com as próprias obras de Jesus, e certamente, de modo muito íntimo, Maria participou em todas as actividades dos apóstolos, tomando parte em suas reuniões e confortando-os com sua presença. E Nosso Senhor conservou ainda sua Mãe Divina na terra por algum tempo, para que ela fosse a força e o conforto da Igreja nascente.
Assim, foi a vida de Maria, círculo luminoso de irradiação que se desenvolveu sempre. Mãe de Jesus, o Filho do carpinteiro, acompanhou-O em sua infância e adolescência, comprazendo-se do convívio de seu amado Jesus. Mãe do Messias, nos dias da sua vida pública, seus olhos O seguiam nas suas caminhadas, entre a incredulidade de muitos e a fé de outros, até que ao pé da Cruz se tornou a Mãe do Redentor.
Ei-la, agora, como centro espiritual da Igreja fundada por seu Divino Jesus, que a confiou à sua materna protecção, pelas palavras d a Cruz: “Mulher, eis aí teu filho”.
À Igreja nascente dava ela a sua vida consagrada a Jesus e à sua obra, o interesse pelas actividades e sofrimentos dos apóstolos por amor de Jesus, e sobretudo as suas orações elevadas a Deus a cada instante.
Estava sempre ao lado dos apóstolos e dos fiéis, em suas reuniões, na comum fracção do pão e na oração. “E perseveravam na doutrina dos Apóstolos e na comum fracção do pão e nas orações” (Actos II, 42).
E que alegria para os apóstolos, consolo em suas lutas, a companhia de Maria, entusiasmando-os na missão que Jesus lhes confiara.
Da Mãe carinhosa recebera a Igreja os primeiros cuidados. Foi ela quem a embalou no seu berço glorioso de seus primeiros tempos. Maria ainda vivera algum tempo, amparada por especial auxílio divino, pois a separação do Filho minava-lhe as forças e a intensidade das suas dores nela reflectia com singular violência.
Por amor de Jesus, suportara em seu coração as maiores dores possíveis a uma criatura e os sofrimentos se renovaram ao ver as perseguições movidas contra os apóstolos, os fiéis e a Igreja.
O amor que Maria consagrava a seu Filho a inflamava na ânsia de O ver, e suspirava por encontrar-se com ele no céu. Mãe e Filho deviam unir-se na glória, do mesmo modo que nos sofrimentos, como verdadeiros membros da humanidade. A morte de Maria não foi consequência do pecado, como nas demais criaturas, pois jamais existiu em sua alma a menor mancha da culpa. Foi antes o seu desejo ardente de ser em tudo conforme a seu Jesus. Foi, na afirmação piedosa, um doce sono. Maria fechou seus olhos na terra, para os abrir no céu, no encontro com o seu Divino Jesus.
Do alto do céu, após a sua Assunção gloriosa, Maria mergulha o seu olhar no mistério do reino, na vida da Igreja.
“Associada como Mãe e Ministra ao Rei dos Mártires, na obra inefável da Redenção, quando 0 oferecera no Calvário ao Eterno Pai, fazendo o holocausto de todo o seu direito materno e de seu maternal amor, estaria assim, como escreve Pio XII na Encíclica Mystici Corporis Christi, associada para sempre a Cristo, com um poder, por assim dizer, infinito, na distribuição das graças decorrentes da Redenção”.
A maternidade que Jesus lhe confiara do alta da Cruz, tinha agora, com a Assunção aos céus, o seu complemento e coroação.
Medianeira de todas as graças, Maria começou a ser desde os tempos primitivos invocada pelos fiéis, que reconheciam seu poder de intercessão.
Embora não tenhamos dados para provar que Ela tenha sido objecto de honras nos três primeiros séculos, afirmações inumeráveis se encontram da sua maternidade divina e demais prerrogativas, e da veneração que lhe tinham os fiéis.
As palavras e testemunhos do discípulo a quem Jesus amou com predilecção em sua vida na terra, e que foram louvores tecidos a Maria, como Mãe de Jesus, ouvidas elas pelos fiéis, se espalharam por toda parte como precioso tesouro, e jamais deixaram de se ouvir.
As vozes que se ergueram pela terra, na Ásia, África e na Europa, são unânimes em glorificar a mulher que pelo “fiat” da Anunciação se tornara a Mãe de Deus. Os discípulos de S. João receberam dele estes ensinamentos e os transmitiram íntegros às futuras gerações.
A história nos demonstra a antiguidade do culto de Maria.
Sua devoção foi recomendada pelo próprio Cristo, quando no-la deu por Mãe na pessoa de João. Cresceu esta devoção através dos séculos, especialmente após o Concílio de Éfeso, em 431, quando Nestório foi condenado, e proclamada a Maternidade Divina de Maria.
A raiz desta devoção a encontramos nos primeiros tempos.
Maria Santíssima fôra sempre entre os fiéis motivo de amor e de confiança. Vozes de protestos se levantaram por toda parte, quando Nestório atacou o fundamento de suas prerrogativas, a Maternidade Divina. E Nestório foi condenado.
Os cristãos, solícitos em glorificar os mártires, como nos demonstra a infinidade de testemunhos, jamais descuidariam do culto à sua Rainha e Mãe. O culto a Maria, que se revelou no mundo com tanto esplendor e refulgência a partir do século V, seria impossível, se fosse desconhecido no início da Igreja.
Nos monumentos das Catacumbas e nos escritos dos Santos Padres da Igreja, vamos encontrar as afirmações da sólida devoção a Maria Santíssima nos primeiros séculos de nossa era.

Cónego Paulo Dilascio
“As mais belas Histórias do Cristianismo”