“Eis a tua Mãe”

A concepção virginal de Jesus deve ser entendida como obra do poder de Deus “porque a Deus nenhuma coisa é impossível” (Lc. 1, 37). Foge a toda compreensão e poder humanos. Não tem relação alguma com as representações mitológicas pagãs em que um deus se une a uma mulher realizando o papel do homem. A concepção virginal de Jesus é uma obra divina no seio de Maria similar à criação. Isso é impossível de aceitar para o não crente, como era para os judeus e pagãos, entre os quais se inventou histórias grosseiras acerca da concepção de Jesus, como a que a atribui a um soldado romano chamado Pantheras. Na verdade, esse personagem é uma ficção literária, sobre o qual se inventou uma lenda para zombar dos cristãos. Partindo do ponto de vista da ciência histórica e filológica, o nome Pantheras (ou Pandera) é uma corruptela que parodia a palavra parthénos (em grego: virgem). As pessoas, que utilizavam o grego como língua de comunicação em grande parte do império romano do oriente, ouviam os cristãos falarem de Jesus como o Filho da Virgem (huiós parthénou), e quando queriam zombar deles, chamavam-no de “filho de Pantheras”. Tais histórias, definitivamente, só testemunham que a Igreja sustentava a virgindade de Maria, ainda que parecesse impossível.
O fato de Jesus ter sido concebido virginalmente é um sinal de que Ele é verdadeiramente Filho de Deus por natureza — daí que não tenha um pai humano — e, ao mesmo tempo, verdadeiro homem nascido de mulher (Gl. 4, 4). Nas passagens evangélicas, mostra-se a absoluta iniciativa de Deus na história humana, para o advento da salvação, e também que esta se insere na própria história, como mostram as genealogias de Jesus.
Pode-se compreender melhor a Jesus, concebido pelo Espírito Santo e sem intervenção de homem, como o novo Adão que inaugura uma nova criação. A ela pertence o homem novo redimido por Cristo (1 Cor 15, 47; Jb. 3, 34).
A virgindade de Maria, além do mais, é sinal de sua fé sem vacilações e de sua entrega plena à vontade de Deus. Inclusive, diz-se que, por essa fé, Maria concebe a Cristo antes em sua mente que em seu ventre, e que “é mais bem-aventurada ao receber Cristo pela fé, que ao conceber em seu seio a carne de Cristo” (Santo Agostinho). Sendo virgem e mãe, Maria é também figura da Igreja e sua mais perfeita realização.
Gonzalo Aranda
BIBLIOGRAFIA
Catecismo de la Iglesia Católica, nn. 484-511.
VARO, Francisco. Rabí Jesús de Nazaret (B.A.C., Madrid, 2005) pp. 212-219.
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