domingo, 14 de setembro de 2008

VISITAÇÃO I

“Donde me vem esta graça
de que a mãe do meu Senhor venha até mim?”


"Tu és bendita entre as mulheres e o fruto do teu ventre é bendito. Donde me vem esta graça de que a mãe do meu Senhor venha até mim?" Estas palavras: "Donde me vem esta graça?" não são sinal de ignorância como se Isabel, toda cheia do Espírito Santo, não soubesse que a mãe do Senhor tinha vindo até ela de acordo com a vontade de Deus. Eis o sentido das suas palavras: "Que fiz eu de bom? Em que é que as minhas obras são tão importantes que a mãe do Senhor venha ver-me? Serei uma santa? Que perfeição, que fidelidade me mereceram esta graça, a visita da mãe do Senhor?" "Porque ainda a tua voz não tinha aflorado os meus ouvidos e já o meu filho exultava de alegria no meu seio". Ele tinha sentido que o Senhor viera para santificar o seu servo ainda antes do seu nascimento.
Pode acontecer que me chamem louco os que não têm fé por eu ter acreditado nestes mistérios!... Porque o que é considerado loucura por essa gente é para mim ocasião de salvação. Na verdade, se o nascimento do Salvador não tivesse sido celeste e bem-aventurado, se não tivesse tido nada de divino e de superior à natureza humana, nunca a sua doutrina teria atingido toda a terra. Se, no seio de Maria, tivesse havido apenas um homem e não o Filho de Deus, como teria sido possível que nesse tempo, e ainda hoje, fossem curadas todas as espécies de doenças, não só do corpo mas também da alma?... Se reunirmos tudo o que se diz acerca de Jesus, podemos constatar que tudo o que foi escrito a seu respeito é considerado divino e digno de admiração, porque o seu nascimento, a sua educação, o seu poder, a sua Paixão, a sua Ressurreição não são apenas factos que ocorreram naquele tempo: eles agem em nós ainda hoje.


Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo 7ª homilia sobre S. Lucas

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